Eduardo Beznos | Psicólogo
Psicoterapia Online e Presencial
"Caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao caminhar"
Antonio Machado
Jardim Japonês
Se algum dia tiverem a oportunidade de observar um daqueles jardins japoneses, poderão perceber que nestes, artefato humano e natureza se conjugam, se harmonizam. A técnica - fazer próprio do homem - vai ao encontro da natureza, de modo a lhe favorecer em seus ciclos de surgimento, permanência e morte (novo surgimento, permanência e morte...).
A história ocidental, por outro lado, teve a técnica como principal instrumento de litígio contra a natureza.
Os ciclos naturais de surgimento, permanência e morte, tomados como adversidades de um destino humano cruel e terrível, fizeram da história ocidental uma verdadeira epopéia do homem contra a natureza na expectativa de superá-la.
Se natureza é compreendida como inimiga a ser domada e superada, o próprio homem esforça-se por dela se destacar e se antagoniza de tudo aquilo que nele mesmo é expressão não controlável. Assim preconiza, este homem, suas ações intencionais calculáveis, procurando promover a cultura do controle.
Então, este mesmo homem deixa de ter na escuta de si mesmo e na expressão de sua espontaneidade uma referência confiável capaz de situá-lo em sua vida, em seu mundo.
Deste litígio do homem contra a natureza, sobretudo sua própria natureza, surge, então, a chamada "doença psíquica". Ela é expressão, no âmbito pessoal, de um modo de relação desarmonioso de cada pessoa com sua própria natureza, onde esta última encontra-se interditada.
O Jardim Japonês é símbolo de cura para o homem. É a imagem daquele que se reconcilia com sua própria natureza, permitindo-se lugar para ser em constante transformação.